Algumas
dores não são visíveis aos olhos. São dores da alma, do coração,
são dores que dilaceram a mais forte das ligas metálicas e
transformam em pó a mais dura rocha existente. Dores que consomem
aos poucos a verdade, a certeza, o amor próprio, o amor por outrem,
a vida, o desejo, e vão dominando as profundezas da alma,
encharcando-a de um amargor inigualável, intransponível a todas as
tentativas de superação. Essa dor migra da alma para a carne,
domina as células e se não for contida leva ao padecimento da
matéria, degradada paulatinamente como a madeira consumida pelas
chamas, deixando ao final as cinzas para serem levadas pelo
vento...Agora, sou somente cinza e me falta o vento para soprar e me
empurrar para longe. Tão longe onde os olhos não possam alcançar,
onde a luz não consiga iluminar, onde exista somente um, um espaço
indivisível para sozinho eu ocupar, longe da sensação de vazio, de
rompimento, de lamento. Longe do som, do raiar do dia, longe de tudo
que me faça lembrar quantas batalhas travei e quantas lutas foram
perdidas...

Nenhum comentário:
Postar um comentário