Antigamente,
a boa educação nos dizia que quando pretendíamos visitar um amigo,
um vizinho ou um parente, telefonávamos antes para saber se a visita
poderia ser realizada naquele dia e hora.
Hoje,
com os aplicativos sociais e imediatistas as pessoas invadem nossa
vida, nossa casa, nosso trabalho, etc., sem o menor constrangimento e
pudor. Enviam mensagens sem importância, piadas, fotos obscenas, e
nos roubam tempo precioso que poderíamos dedicar a algo mais
produtivo do que a leitura de piadinhas infames.
Ficamos
com as portas de nossas vidas abertas a qualquer um. Basta o
indivíduo ter o número de seu aparelho celular e você ter um
aplicativo como WhatsApp ou Telegram em seu “smartphone” que
pronto, você passou a ser íntimo dessa pessoa. O taxista, o
açougueiro, o vendedor da esquina, etc., todos aqueles pra quem você
um dia passou seu número, a chave de sua vida, passam
sistematicamente a lhe enviar mensagens de texto, fotos, correntes de
oração, e tudo de mais sórdido que se possa imaginar, sem sequer
pedir para entrar em sua intimidade.
Não se
respeita sequer os mortos. Fotos de assassinatos, vídeos de crimes,
de corpos sangrando, em decomposição, de pessoas morrendo, de sexo,
de tudo, simplesmente de tudo serve para inspirar o indivíduo a
encaminhá-lo adiante, sem qualquer pedido de licença para aquele
que o receberá.
Esses
aplicativos vem se transformando em berço de crime. Muitos se
aproveitam na falsa impressão de anonimato para destrinchar aqueles
comentários injurioso, difamatórios e caluniosos contra outros ou
para realizar negociações escusas, agendar assaltos, etc.
A
velocidade da tecnologia é tanta que a boa educação tem ficado lá
atrás, muito atrás. O ser humano não consegue concatenar a ideia
e os limites que devem ser aplicados no uso de tais aplicativos, e
agem movidos pelo instinto, numa sanha louca de passar adiante tudo o
que recebem. São autômatos de repasse de mensagens, e entulham
nossas vidas com muita, muita besteira e inutilidade, que consomem
tempo, seja para leitura ou para o simples “deletar”.
Se
dedicarmos o dia para leitura de e-mails pessoais e profissionais,
mensagens de WhatsApp e Telegram, “posts” do Facebook, Instagram
e Twitter, encaminhando comentários e “likes”, ele, o dia, se foi
e nada mais fizemos do que ficar à frente da telinha do
“smartphone”.
A
dependência por tais aplicativos já gera transtornos de
comportamento e a necessária atuação da psiquiatria na sua
contenção e tratamento.
A
tecnologia é bem-vinda, como foi com o surgimento do celular. Falta
vir acompanhada de um manual de como se portar à frente dela. De
como usá-la sem violar a intimidade alheia e com respeito ao
próximo, o que levará bons anos para acontecer, e talvez a página
seja virada e outros meios de comunicação surjam sem que a educação
consiga conter a avalanche que açoda nossas vidas com tantas
inutilidades.