Último soneto
Já da noite o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito, embalde num macio encosto,
Tento o sono reter!... Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito, embalde num macio encosto,
Tento o sono reter!... Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos, por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!
Volve ao amante os olhos, por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!
Manuel Antônio Álvares de Azevedo
O auge do mal do século, resultado no romantismo exacerbado e radical que em sua segunda fase tem Álvares de Azevedo como seu luminar, deixa claro que o amor sem limites é erva daninha que pode levar a morte. Boa lembrança de escritor que tanto marcou a literatura brasileira.
ResponderExcluirAntônio P.
Um primor de versos.
ResponderExcluirAmélia C. Silva
Poeta de profunda compreensão da alma, expressava seus sentimentos mais ocultos expondo toda a sua veia literária e transfigurando versos em verdadeiros filetes de pura arte. Maravilhoso.
ResponderExcluirParabéns pela postagem! Wanessa Lima R.